domingo, 9 de agosto de 2009

Paqueras

Não sei se só eu penso assim, mas existem lugares e lugares para paquerar. Quero dizer, quando você está num barzinho, balada, night e derivados, tudo bem. Mas não consigo entender como existem pessoas capazes de fazer tal coisa em um shopping, supermercado, ou o pior, no ônibus.


5102 vazio, um milagre concedido pelas férias. Na altura da Rua da Bahia com Fernandes Tourinho entra a menina. Uniforme de vôlei, cabelo preso, mochila nas costas. Dirige o olhar para o rapaz sentado:


- Oi, José, tudo bom?

- E aí joia?


Tudo bem, a menina educada conhecia o rapaz e o cumprimentou normalmente. Sentou-se no banco à frente dele e já preparava para colocar os fones.


- Virou loira agora? – Disse ele uma vez. – Hein? – Continuou.

- Oi? – ela vira fazendo cara de “é comigo?”

- Está loira agora?

- Não. Na verdade é ruivo e já faz tempo que tá assim.

- Ah...


Ela virou novamente para frente e ajeitava os fones quando o tal José recomeçou:


- Mudou para esses lados agora?

- Já tem uns 10 anos que moro aqui. – respondeu, sem se virar.


Devemos compreender que realmente existe gente que não se toca:


- Trabalhando?

- Treinando.

- Minas?

- Uhum. – Vamos lembrar que ela trajava o uniforme do clube.

- E faculdade?

- Ed. Física.

- UFMG?

- Não. UNI-BH.

- To fazendo direito.... Na FUMEC... Tava numa entrevista de estágio agora

- Ah.. – ela vira e olha pra ele de cima a baixo, analisando a roupa – Conseguiu?

- Não. Recusei... sou difícil.


Ela se virou de frente e eu não pude ver a cara que fez. Deixo aqui espaço pra imaginação.


- Moro aqui. Ali onde aquelas tem aquelas luzes acesas.

- Hum. Moro mais pra frente.

- Bom te ver! Não some não! Vamos encontrar mais!

- É... tchau.


A menina da um sorriso amarelo, permanece sentada, acena um tchauzinho com a mão e espera o rapaz descer. Coloca enfim os fones soltando um suspiro que, penso, dizia: “é tenso aguentar isso no fim do dia”.


Como eu disse, existem lugares e lugares.

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