terça-feira, 13 de outubro de 2009

Ônibus x Filosofia

Dois ônibus podem me levar de casa até a faculdade. Eles não fazem o mesmo caminho, por isso não costumo pegar o que passa primeiro. O 8101 vai reto-toda-vida, já o 4106 dá a volta na cidade, praticamente.

O 8101 pega a São Paulo e vai embora, só encaro transito pesado mesmo no pequeno pedaço da Afonso Penna a Curitiba. O 4106 é terrível, passa pela Contorno, pega a Getúlio Vargas, depois desce a João Pinheiro e vai na Afonso Penna desde o Parque Municipal até a Curitiba. Quem mora aqui em BH sabe bem como funciona o transito nesses locais às 7:20 da matina.

Quando estou muito atrasada vou de 8101, claro. Mas quando tenho um pouquinho mais de tempo me aventuro no 4106. Percebi que fico mais feliz ao passar pelo caminho do 4106 do que do 8101.

O caminho do 4106 é mais agradável à minha visão. Vejo pessoas se exercitando na Praça da Liberdade, ou conversando enquanto descem a João Pinheiro, indo pro Promove ou pro Cumpus de Direito. De vez em quando tem umas velhinhas andando para a Igreja da Boa Viagem. Mas meu dia fica bom mesmo quando as fontes estão ligadas. Nossa! Tenho uma sensação de paz e de que “tudo vai dar certo” incrível. Fico até mais animada. Chego na faculdade com um bom humor incomum.

Já o 8101 passa pela Marília de Dirceu e eu vejo aqueles bares fechados, pessoas limpando o que restou da noite anterior, lojas que não posso nem olhar, pois meu salário de estagiária não paga uma prestação da peça mais barata. É triste. Aí chega a São Paulo, com todas aquelas lanchonetes que cheiram gordura a cinco metros de distância. Ou então vejo aqueles estudantes entusiasmados indo pros incontáveis cursinhos. Caras de poucos amigos e senhoras agarradas a suas bolsas... Tem como se empolgar com essa visão? Se o dia está nublado então, só piora.

Só Freud pra explicar essa minha sensação com relação aos dois ônibus. Deve ser assim com a vida também. Às vezes vários caminhos levam ao mesmo lugar. Aí podemos pegar o mais rápido, mas que nos dá menos prazer, ou optar pelo mais comprido, que nos deixa com um sentimento de satisfação. De qualquer jeito, vale lembrar que ambos dão na Curitiba e o engarrafamento no viaduto da Lagoinha é inevitável, ainda mais com as obras na Antônio Carlos.

Um comentário: